Como Mudar Hábitos Negativos: 7 Estratégias Para Substituir Comportamentos Que Estragam Nossa Vida

Tempo de leitura: 21 minutos

Hábitos negativos estragam nossas vidas de muitas formas diferentes, algumas delas difíceis de perceber.

Eles são um desperdício de recursos como tempo, energia e dinheiro. Também costumam ser causa de doenças físicas e desordens psicológicas. Podem, ainda, machucar as pessoas ao nosso redor, incluindo aqueles a quem mais amamos.

Por último, como resultado final do estrago que promovem, eles bloqueiam nossas possibilidades de crescimento em diversas áreas da vida.

Então por que ainda os cultivamos? E o que podemos fazer para mudar nossos hábitos negativos?

Neste artigo veremos estratégias para combater nossos maus hábitos e convertê-los em disposições favoráveis ao nosso crescimento.

O meu sincero desejo é ver você livre de comportamentos que o prejudicam e atrasam. Este conteúdo é minha contribuição para isso.

Os ensinamentos abaixo livraram-me de muitos hábitos negativos e ajudaram diversos dos meus clientes e alunos nesta luta dura e necessária.

Ele pode fazer o mesmo por você. Para isso, estude-o com atenção, evitando fazer apenas uma leitura curiosa ou casual. Empenhe-se.

O Que é um Hábito?

Em sua Metafísica, Aristóteles (384 a.C. — 322 a.C.) nos ensina o que é um hábito:

Chama-se hábito uma disposição em virtude da qual um ser é bem ou mal disposto, em si ou relativamente a outro.

Ele também nos diz que “o hábito é uma qualidade dificilmente mutável”.1

Podemos ainda acrescentar que essa disposição para agir bem ou mal foi estabelecida mediante a repetição de um padrão de comportamento ao longo de certo tempo.

Eis, então, uma definição para o hábito negativo, nosso objeto de estudo:

O hábito negativo é uma disposição [habitual] para agir mal que foi contraída mediante a prática reiterada de um comportamento.

Um hábito negativo nunca é inofensivo

Desde já devemos eliminar a idéia de que existem hábitos negativos inofensivos.

O mesmo Aristóteles nos ensina que “um erro pequeno no início torna-se grande no fim”.

Se um comportamento prejudicial qualquer está tornando-se recorrente, combata-o sem demora: a luta será fácil e a vitória rápida.

Esperar até que um mau hábito estabeleça raízes profundas em nós para começar a combatê-lo é uma atitude pouco sábia.

Não são as ervas daninhas que sufocam a boa semente, mas sim a negligência do lavrador. Confúcio (551 a.C. — 479 a.C.)

Quais as Causas dos Hábitos Negativos?

Em geral, hábitos negativos possuem duas causas: estresse e tédio. Para cada hábito, estas causas podem agir juntas ou separadamente.

Em outras palavras: a maioria dos maus hábitos são apenas uma forma equivocada de lidar com a frustração e o vazio.

Alguns maus hábitos comuns confirmam esta dupla causa:

  • Roer unhas;
  • Fazer compras desnecessárias;
  • Consumir álcool regularmente;
  • Procrastinar navegando na internet;
  • Dormir além do necessário.

Esses e muitos outros hábitos negativos costumam ser uma resposta aos desprazeres e incômodos que experimentamos e agem como um mecanismo de compensação a eles.

Neste ponto já será proveitoso colocarmo-nos a seguinte pergunta:

Quando recorro ao hábito de …, que sensação estou experimentando?

Um dos meus clientes em coaching, por exemplo, chegou a conclusão de que o seu hábito de procrastinar e roer unhas era uma resposta à angústia que sentia por não conhecer seu propósito de vida.

Responder a pergunta acima e identificar as causas dos seus hábitos negativos costuma ser fácil. E esta informação é valiosa para traçar estratégias específicas para cada hábito que desejamos modificar.

Certifique-se de dedicar algum tempo para formular e responder perguntas acerca de cada um de seus maus hábitos.

Lidando com as causas dos hábitos negativos

Felizmente não estamos obrigados a responder ao estresse e ao tédio desenvolvendo e cultivando hábitos prejudiciais.

É possível aprender novas formas de lidar com esta dupla causa dos hábitos negativos e torná-las substitutas de nossos comportamentos contraproducentes.

É claro que, em certos casos, as raízes do estresse e do tédio são mais profundas e difíceis de identificar, mas se você deseja combater seus hábitos negativos precisará realizar uma séria investigação interior em busca destas causas.

O que está fazendo com que você se apegue a comportamentos que o prejudicam?

A ajuda de um profissional para a investigação destas causas costuma ser útil, mas é plenamente possível, na maior parte dos casos, realizá-la sozinho.

Cultivar uma atitude de recolhimento interior a fim de reconhecer as causas de seus maus hábitos é crucial para superá-los.

Para ajudar você nesta busca, veremos agora um atributo característico e paradoxal dos hábitos negativos. Esteja atento a ele.

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O Paradoxo dos Hábitos Negativos

Todos os seus hábitos existem por uma razão. Eles sempre oferecem um benefício, mesmo que também sejam prejudiciais.

Algumas vezes o benefício é biológico, como acontece com o uso de drogas. Outras vezes é emocional, como no caso da compulsão por compras.

Roer unhas ou tensionar a mandíbula são atitudes que, em geral, visam reduzir nossa ansiedade ou estresse.

Fazemos todas estas coisas por uma razão justa: desejamos nos aliviar de algo que nos oprime.

Eis o grande paradoxo dos hábitos negativos: apesar de nocivos, eles suprem uma necessidade que é, em si mesma, boa.

Há neles uma contradição interna cuja decifração e solução exige paciência e uma avaliação meticulosa.

Podemos resumir todas as descobertas que fizemos até o momento em uma sentença:

Um hábito negativo existe para atender uma necessidade que possuímos, e esta necessidade costuma estar ligada ao desejo de libertação do estresse ou do tédio.

Se formos capazes de descobrir a necessidade exata a que um hábito negativo está vinculado, estaremos em uma posição melhor para vencê-lo.

Um Hábito Negativo Não é Eliminado, Mas Substituído

Todos os nossos maus hábitos, mesmo os aparentemente inocentes, atendem necessidades que precisam ser descobertas.

Por exemplo, o hábito de “ficar grudado” nas redes sociais pode estar ligado à insatisfação com a própria vida ou à certa satisfação em invejar.2

E apesar do evidente prejuízo à sua produtividade e bem-estar emocional, como quase sempre há algo “agradável” ou “útil” a ser visto nas redes sociais, o hábito é mantido.

Esse é o perigo sutil dos hábitos negativos: como eles sempre fornecem algum benefício, é difícil simplesmente eliminá-los.

Essa é a razão pela qual o clássico conselho “pare como isso” não costuma funcionar.

Em vez disso, o que deve ser feito é descobrir que novo hábito é capar fornecer o mesmo benefício ou um benefício semelhante sem nos causar prejuízos.

Louis Lavelle (1883 — 1951) expressou essa verdade numa fórmula breve e elegante:

Saber dispor do próprio espírito é utilizar contra os [maus] hábitos outro hábito, mais fino e mais sutil.3

Este é o grande segredo para mudar um hábito negativo: usar contra ele “um outro hábito, mais fino e mais sutil” – e, claro, mais benéfico e saudável.

Nossos hábitos negativos surgiram e continuam ativos porque atendem certas necessidades que temos. A pergunta que devemos fazer, então, é a seguinte:

Que outro comportamento posso praticar para atender esta necessidade que possuo e que é, atualmente, atendida pelo hábito negativo de …?

Um hábito negativo não é simplesmente eliminado, ele precisa ser substituído.

Se apenas pararmos com um determinado hábito sem uma nova forma de atendermos a necessidade que ele atendia, o mais provável é que retornemos ao padrão de comportamento anterior.

Veja também: Inveja: Como Identificar, Superar e Proteger-se – Um Guia de Combate

O Primeiro Passo Para Mudar Hábitos Negativos

O primeiro passo para mudar hábitos negativos é a conscientização. Ela consiste em reconhecer, sem mentiras nem artimanhas, cada um dos maus hábitos que devem ser combatidos.

Ao examinar-se, evite atitudes como sentir culpa ou devanear acerca de como você gostaria que as coisas fossem. Concentre-se no trabalho de reforma que deseja realizar.

Para conscientizar-se, faça-se as seguintes perguntas para cada mau hábito e tome nota de suas respostas:

  • Quando o seu hábito negativo costuma acontecer?
  • Quantas vezes você o pratica por dia ou por semana?
  • Onde você está quando o pratica?
  • Quem está com você?
  • O que desencadeia o hábito ou a vontade de praticá-lo?

As respostas às perguntas acima fornecerão um diagnóstico preciso de sua situação.

Elas também facilitarão a formulação do plano de combate para vencer cada um dos seus maus hábitos.

Consciente de sua situação e de seus desafios, é hora de aprender as estratégias a serem utilizadas para iniciar o processo de substituição dos seus hábitos negativos.

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7 Estratégias Parar Mudar Hábitos Negativos

Não há fórmulas garantidas para vencer maus hábitos ou estabelecer hábitos positivos.

Este processo é sempre muito pessoal e variáveis como preferências, inclinaçõestemperamento e história de vida exercem uma grande influência nele.

Podemos, no entanto, estabelecer um método geral composto por duas etapas:

  1. Conhecer o modo de funcionamento dos hábitos negativos;
  2. Realizar experimentos com o uso de idéias práticas já testadas e aprovadas por outras pessoas.

Um resumo do funcionamento dos hábitos negativos

Quanto ao modo de funcionamento dos maus hábitos, já sabemos o suficiente e podemos resumir o que aprendemos nos pontos abaixo:

  1. O hábito é uma disposição para agir bem ou mal que foi estabelecida mediante a repetição de um padrão de comportamento;
  2. De forma geral, os hábitos negativos possuem duas causas: estresse e tédio;
  3. Os hábitos negativos funcionam como respostas ou compensações aos desprazeres e incômodos que experimentamos;
  4. Todos os hábitos existem por uma razão. Eles oferecem sempre algum benefício, mesmo que também sejam prejudiciais;
  5. O grande paradoxo dos hábitos negativos é que, apesar de nocivos, eles suprem uma necessidade que é, em si mesma, boa;
  6. Um hábito negativo não é simplesmente eliminado, ele precisa ser substituído.

Podemos condensar os pontos acima em uma única sentença, já citada anteriormente e muito útil por sua facilidade de memorização:

Um hábito negativo existe para atender uma necessidade que possuímos, e esta necessidade costuma estar ligada ao desejo de libertação do estresse ou do tédio.

Orientações para a utilização das estratégias sugeridas

Veremos agora um conjunto de sete idéias práticas com as quais você poderá realizar experimentos começar a mudar seus hábitos negativos.

Elas estão divididas da seguinte forma:

  • As estratégias 1 e 2 são obrigatórias. Para mudar hábitos negativos elas são indispensáveis;
  • As estratégias 3, 4, 5 e 6 são importantes. Ela são úteis para dominar o “jogo mental” do combate aos maus hábitos;
  • A estratégia 7 é opcional.

Durante o processo de substituição de hábitos negativos você deve cultivar um espírito tranquilo e paciente. Evite a ansiedade por resultados rápidos.

Lembre-se de que seus maus hábitos foram se estabelecendo lentamente ao longo do tempo e que um certo tempo também será necessário para substituí-los.

Faça propósitos simples, coloque-os em prática e siga avaliando seu progresso e fazendo os ajustes que julgar necessários. Este é um processo experimental.

Não se afogue em minúcias e informações em excesso. As idéias abaixo fornecem o necessário para você começar a mudar hábitos negativos hoje.

Veja também: Mudar de Vida: 4 Inimigos Que Você Não Conhece e Que te Impedem de Obter Sucesso

1. Escolha um substituto para o hábito negativo (obrigatório)

A primeira atitude para mudar um hábito negativo é escolher cuidadosamente o seu substituto, isto é, o comportamento a ser praticado em seu lugar.

O que você fará quando o estresse ou o tédio que o levam a praticar determinado hábito surgir?

Seja criterioso na escolha e faça opções realistas e com as quais possa comprometer-se.

Um dos meus clientes, vitimado desde a adolescência pelo triste hábito de consumir pornografia, chegou a conclusão de que a causa principal deste hábito era o tédio que sentia em certo horário depois de passar o dia trabalhando a partir de sua casa.

Ele identificou que o desejo de praticar este mau hábito acontecia sempre por volta do mesmo horário e apenas em dias de semana, já que nos finais de semana ele estava sempre ocupado com outras atividades.

Ele adotou três medidas que lhe garantiram a vitória sobre este terrível hábito:

  1. Definiu a regra “computador só para trabalhar” e eliminou o uso do computador para navegações aleatórias na internet;
  2. Passou a realizar longas e vigorosas caminhadas duas vezes ao dia: pela manhã e no exato horário em que costumava praticar o mau hábito;
  3. Iniciou estudos em filosofia moral.

Um outro cliente, habituado ao desânimo, combateu este comportamento através da estratégia da livre reprodução, que consiste em copiar à mão textos que possuam “potencial para dissipar o desânimo”.

Para mais detalhes sobre esta e outras estratégias para recuperar a motivação leia o guia Como Vencer o Desânimo: 7 Erros Que Fazem Você Desanimar e Perder Sua Motivação.

Você deve eleger um substituto para cada hábito negativo a ser superado.

Este substituto deve fornecer benefícios iguais ou semelhantes aos do hábito negativo, sem, no entanto, ser prejudicial.

Faça pesquisas e realize uma criteriosa investigação para descobrir o melhor substituto para cada caso. Não se apresse.

2. Elimine todos os gatilhos possíveis (obrigatório)

Se você fuma quando está consumindo álcool, faça algo simples: não beba e não vá ao bar.

Se o gatilho que o faz iniciar uma jornada de horas assistindo vídeos aleatórios no YouTube é o estresse com a dificuldade de uma tarefa, aprenda a descansar em vez de distrair-se.

Levante-se, alongue-se ou saia para uma caminhada leve. Há muitas opções para lidar com o hábito negativo de distrair-se em excesso.

Você come doces quando eles estão no armário? Livre-se deles e não traga-os para casa novamente.

Avalie cuidadosamente seu ambiente doméstico e profissional. Eles podem facilitar ou dificultar a mudança de hábitos negativos.

3. Imagine-se mudando hábitos negativos (importante)

A imaginação é o poder de construir modelos possíveis da experiência humana.4

A prévia visualização mental de um novo comportamento é uma ferramenta valiosa para mudar hábitos negativos.

E o melhor de tudo é que esta operação imaginativa não depende de nenhum objeto externo, sendo necessário tão somente o silêncio interior que nos permita criar imagens vívidas e sem interrupções.

Assim, momentos diários dedicados à contemplação e ao recolhimento podem tornar-se uma poderosa ferramenta de correção de comportamentos.

Fiz isso diversas vezes com excelentes resultados não só para mudar hábitos negativos, mas também para adquirir hábitos novos e aprimorar comportamentos.

Minha estratégia era simples: de noite em meu quarto e com as luzes apagadas eu acendia uma pequena vela para “criar um clima” e realizava as visualizações mentais desejadas enquanto fumava uma deliciosa mistura inglesa em meu cachimbo.

Não importa o hábito negativo que você deseja modificar: visualize-se vencendo-o, sorrindo e desfrutando do seu sucesso.

4. Conte com a queda e o fracasso (importante)

Quando Jesus Cristo nos disse “sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês”5, não estava exigindo de nós uma perfeição total.

Nos pedia a busca da perfeição que nos cabe, aquela que está ao nosso alcance e que consiste, sobretudo, na luta contínua para impedir que nossos maus hábitos nos dominem completamente.

Jesus, claro, sabia que falharíamos muitas vezes nesta busca. Não nos pediu o impossível.

Conte com a queda e o fracasso desde o início da sua luta para mudar hábitos negativos.

Seja objetivo após um fracasso. O conselho do imperador-filósofo Marco Aurélio (121 d.C. — 180 d.C.) é imbatível em termos de objetividade:

Nada de desgosto, nem de desânimo; se acabas de fracassar, recomeça.

O filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos (1907 — 1968) também nos faz uma recomendação interessante em seu livro Curso de Integração Pessoal:

Quando fizermos alguma coisa errada, quando um mau pensamento nos assaltar, quando um desejo indevido nos impulsionar, quando praticarmos um ato que foi injusto ou mal feito, não nos enchamos de aborrecimento. Levemos a mão ao peito, sintamos sinceramente o erro, e digamos a nós mesmos: ‘Evitarei que se repita. Não faz mal. Evitarei que se repita’.

Na luta para mudar hábitos negativos é importante evitar atitudes que enfraqueçam nosso ânimo e tornem as coisas mais difíceis para nós.

Diante da queda ao tentar vencer um mau hábito a melhor atitude é sempre refazer o mais rapidamente possível o propósito de continuar lutando.

Veja também: 24 Atitudes Que Fazem Sua Vida Terrível e Infeliz 

5. Use o “mas” para combater o diálogo interno negativo (importante)

Durante o combate para vencer hábitos negativos nosso julgamento sobre nós mesmos exerce um papel importante e delicado.

Se, por um lado, nossos julgamentos forem leves demais e desculparmos muito facilmente nossos erros e fraquezas, cairemos na auto-indulgência.

Se, por outro lado, eles forem excessivamente severos e intransigentes, podemos ser levados ao desespero e ao pessimismo.

Nenhuma destas atitudes nos ajuda a mudar hábitos negativos.

Um meio prático de moderar nossos julgamentos e fazê-los alcançar um meio-termo vantajoso é usar o “mas”:

  • Estou gordo e fora de forma, mas posso estar muito melhor em alguns meses;
  • Sou “burrinho” e não entendo a realidade que me cerca, mas estou estudando para melhorar minha compreensão;
  • Possuo maus hábitos que estão estragando minha vida, mas estou estudando este artigo do André Valongueiro para obter ajuda.

Aristóteles nos ensina que o meio-termo é o estado ideal a ser buscado pelo homem.

A concepção ética da mediania aristotélica diz que a virtude é uma disposição habitual de caráter relacionada com a escolha consistente de um meio-termo localizado entre o excesso e a falta.6

Para que nossos julgamentos não dificultem nosso processo de mudança de hábitos negativos devemos, portanto, evitar tanto os julgamentos muito brandos quanto os muito severos.

6. Você não precisa tornar-se uma nova pessoa (importante)

Lembre-se de que todos os seus hábitos negativos foram contraídos por repetição. Eles não nasceram com você.

Deste fato podemos tirar duas consequências:

  1. Desculpas do tipo “eu sou assim, não posso mudar” para justificar hábitos negativos são sempre falsas;
  2. Para mudar hábitos negativos você não precisa tornar-se “uma nova pessoa”.

Um fumante não nasceu fumando e, por isso, não precisa tanto “parar de fumar”, mas voltar ao seu estado anterior e original de não fumante.

Do mesmo modo, alguém com a saúde prejudicada por maus hábitos deve desejar voltar ao seu estado de saúde original, que era certamente melhor do que seu estado atual.

Como era a sua vida antes da aquisição dos hábitos negativos que o acompanham hoje?

Utilize as lembranças deste período sem maus hábitos como conteúdo para os exercícios imaginativos que sugerimos acima.

Houve um tempo em que seus maus hábitos não existiam, o que significa que, por mais invencíveis que pareçam, eles não são uma parte constitutiva de sua natureza.

Você pode mudar todos e cada um dos seus hábitos se desejar. A escolha é sua e você está no comando.

7. Aprenda a unir forças com alguém (opcional)

Embora mudar hábitos negativos sozinho seja completamente possível, relacionar-se com pessoas que também estão nesta luta é uma excelente estratégia.

Juntos vocês poderão procurar soluções criativas, testar idéias, celebrar vitórias e torcer uns pelos outros.

A luta contra um mau hábito também pode ser uma grande oportunidade para estabelecer novas e verdadeiras amizades, pois, como nos ensina Tomás:

Onde está a verdadeira amizade, aí está o mesmo querer e o mesmo não querer, tanto mais agradável, quanto mais sincero. Santo Tomás de Aquino7

Há milhões de pessoas mundo afora lutando exatamente as mesmas batalhas que você. Junte-se a elas.

Conclusão: A Liberdade é a Meta!

Mudar hábitos negativos exige espírito de sacrifício. Cultive-o! Sofra com alegria por sua libertação!

A liberdade é a meta e o prêmio dos seus esforços. Não é digno do que somos tornarmo-nos o joguete dos nossos impulsos e maus hábitos.

Nascemos para fazer frutificar as riquezas que trazemos em nós e, para isso, devemos combater com nossas melhores armas tudo que nos afasta do cumprimento deste dever.

Espero que o estudo que realizamos seja o primeiro passo para livrar você daquilo que enfraquece e rebaixa sua existência.

Substituir seus hábitos negativos será o início de uma vida repleta de contentamento, novas perspectivas e possibilidades que, neste momento, talvez você não possa enxergar.

Se você precisar de ajuda, conheça meu trabalho como coach. Será um prazer ajudar você a vencer seus hábitos negativos e construir a vida dos seus sonhos.

Notas de rodapé

  1. Estas definições encontram-se no Livro V da Metafísica.
  2. A palavra “inveja” deriva do latim invidia – de IN, “em”, mais VEDERE, “ver”, “olhar”. O invejoso é, portanto, aquele cujo olhar não se distancia nem “desgruda” dos bens alheios. O hábito de “ficar grudado” nas redes sociais pode ser, então, uma forma de “não desgrudar o olhar dos bens alheios”. Para um estudo completo sobre a inveja, leia Conheça as 5 Filhas da Inveja e Aprenda a Identificar, Superar e Proteger-se de Pessoas Invejosas.
  3. Louis Lavelle, Regras da Vida Cotidiana, 2011, p. 81.
  4. O crítico literário canadense Northrop Frye (1912 — 1991) explora de maneira brilhante o papel da imaginação na formação da identidade civilizacional do Ocidente em seu livro A Imaginação Educada.
  5. Mateus 5:48
  6. A doutrina da mediania aristotélica e as mais importantes concepções éticas de Aristóteles encontram-se expostas principalmente na Ética a Nicômaco. As obras Política e Ética a Eudemo também tratam de temas morais e comportamentais.
  7. Santo Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, q. 42, a. 3.